Minha
infância foi muito bem vivida. Fui uma criança muito feliz e aproveitei
bastante essa época que é repleta de risadas, alegrias e muita
brincadeira. Durante a minha infância eu brinquei muito e fiz tudo o que uma
criança tem direito; brinquei com terra, corri, ralei os joelhos, levei bronca
e daí por diante.
“A
infância vive a realidade da única forma honesta, que é tornando-a com uma
fantasia” (Agustina Bessa-Luís)
Lembro-me
de minha infância com muita melancolia, foi uma época bastante feliz para mim.
Apesar de ser um pouco só mesmo que tivesse irmãos, pois eu fui criada por meus
avós maternos e meus irmãos moravam com meus avós maternos, estava sempre
rodeada por primos e primas que moravam em outra cidade ou que moravam próximos
a mim e sempre ia passar o domingo com a mãe da minha mãe, e era sempre um
martírio voltar pra casa, porque eu queria continuar brincando com meus irmãos
e a minha avó paterna não deixava eu ficar. Mas o dia era sempre muito
divertido, apesar de muitas vezes eu ficar de escanteio por ser a mais nova
entre eles.
Nossas
brincadeiras variavam entre brincar de “mãe e filha” de “casinha” brincar de
boneca, fazer bolos de terra, e até brincadeiras mais radicais como subir em
árvores. Eu sempre convivi com as minhas duas famílias, são dois mundos
diferentes; enquanto a parte materna me deixava totalmente livre, me deixava
brincar de terra, correr, brincar com os patos que o meu tio criava no quintal
e até no “beco”, uma ruela que tinha próximo a quadra de esportes e era próximo
a nossa casa, onde não tinha fluxo de carros, a família paterna não me deixava
fazer nada próximo disso. Minha avó paterna me dava utensílios de casa pra
brincar, suas panelas e até os condimentos que ela usava na cozinha e não
deixava eu me “sujar”. Eu adorava os dois universos e confesso que por vezes
preferi a minha parte materna da família, por poder conviver com meus irmãos e
ter essa liberdade, e pelo fato de ser só eu e meus avós em casa, com os pais
do meu pai, o que fazia eu me sentir só às vezes.
Mas
nos fins de semana, minhas primas vinham passar com a minha avó materna, com
quem eu morava. Nessa casa tinha um hall na entrada bem espaçoso que a gente
montava nossa “casa” utilizando tudo que a gente via dentro de casa. Pegávamos
as almofadas da minha avó, todas as cadeiras da mesa, e nossos brinquedos,
quando nos cansávamos, pedíamos lençóis a minha tia e brincávamos que ali era
um navio e isso era ainda melhor se estivesse chovendo. A água passava jorrando
por uma passagem que tinha e ficávamos jogando barquinhos de papel por ali e
imaginando mil coisas.
O
melhor acontecia nas férias de verão, o tempo para as brincadeiras era maior já
que não tínhamos que ir à escola, como fazia calor, a gente torcia pra estar
caindo água pra poder encher a piscina de plástico que era nossa alegria, se
pudéssemos não saia dali mais pra nada. Quando a piscina estava furada, meu vô
sempre dava um jeito de consertar e a diversão durava o da inteiro.
As
minhas duas famílias, apesar de um pouco diferentes sempre me trataram do mesmo
jeito, nunca me deixaram fazer algo que não era adequado a minha idade e nuca
me deixavam sozinha, nem a mim e nem aos meus irmãos, que eram alguns anos mais
velhos. Eles diziam que lugar de criança era na escola e brincando.
As
melhores lembranças da minha infância incluem, com toda a certeza, minhas irmãs
e primas, tanto da família materna quanto da família paterna. Éramos crianças
muito levadas e aprontávamos muito. Certa vez, no período de festas juninas,
inventamos de fazer a fogueira das crianças com os restos das bombinhas e quase
colocamos fogo na parede de Dona Zefa, a senhora idosa que morava numa casa em
frente a nossa e era muito amiga da nossa avó. Outras vez, eu e meus irmãos
fomos andando sozinhos pra roça em que minha avó estava e levamos uma carreira
de uma vaca e eu comecei a chorar, mas depois pulamos a cerca e ficou tudo bem.
São
lembranças maravilhosas que me fazem perceber quão bem vivida foi a minha
infância, rodeada das pessoas que eu amo e que estão comigo até hoje, esses
laços que construímos lá continuam fortes até hoje, com a lembrança de tudo que
compartilhamos e que nos uniu e continua nos mantendo juntos. São lembranças
distantes, mas que me dão muita alegria por saber que eu fui uma criança feliz.
“Tão
pequena e desbotada de sol, a casinha da infância” (Paulo Franchetti)
A
minha lembrança ruim de quando eu era criança, foi quando eu tinha acabado de
completar sete anos de idade, meu avô já tinha voltado de várias internações e
nesse período ele faleceu. Foi muito difícil pra mim a morte dele, em casa
passou a ser eu e a minha avó e as lembranças dele estavam por todo lado.
Lembro que quando ele estava com dor de coluna e pedia pra se apoiar em mim pra
levantar do sofá, e sempre me dava a gordurinha da carne
que ele não podia comer por conta dos problemas cardíacos. Ele tinha uma
maletinha de ferramentas que eu adorava remexer quando a gente ia pro quintal
tomar sol que ficou lá no canto e um chinelão enorme que eu adorava calçar. Foi
uma época dolorosa que me marcou muito.
Na
minha infância e gente também ia muito pra igreja. Minha avó paterna me levava
pra igreja Deus é Amor, e eu fazia birra o tempo inteiro pra não ir, mas quando
eu já chegava lá eu gostava muito e cantava todos os hinos. Nas ocasiões em que
eu passava o fim de semana na casa da avó materna, aos domingos a gente ia pela
manhã paras as reuniões de jovens e menores, na Congregação Cristã no Brasil,
eu adorava recitar o salmo 23 lá na frente com as minhas primas e irmãs, e a
noite, a gente ia mas sempre acabava dormindo, minha avó colocava a gente no
espaço debaixo dos bancos, deitadas em um lençol que ela levava já pra isso.
Sei que parece estranho, mas dormir embaixo dos bancos da igreja, com todas
aquelas vozes cantando era a melhor sensação do mundo. Lá todos diziam que as
crianças eram puras e que Deus as amava por sua inocência, mesmo que a gente
fizesse um pouco de barulho.
Quando
eu já estava maior, as brincadeiras mudaram, eu tinha amizade com outras
crianças da rua e podia ficar até às nove fora de casa. A gente brincava de
esconde-esconde, boca de forno, pega-pega, mamãe da rua, polícia e ladrão. Na
escola era essa mesma dinâmica, fazíamos as atividades e a hora preferida era o
recreio pra gente poder brincar.
Hoje
os estudiosos não mais veem as crianças como seres sem inteligência, que
precisam ser ensinados. Eles enxergam a criança como seres dotados de
inteligência, construtores de sua própria história e atores sociais. Elas
interagem entre si e criam suas próprias culturas, na minha época, na escola,
na família, na igreja, as coisas não funcionavam desse jeito, éramos vistos com
seres sapecas que precisavam ser domados e que nada sabíamos do mundo, sempre
que eu fazia uma pergunta boba mas que fazia todo sentido pra mim, sempre me
respondiam: você tem muito que aprender ainda.
A
criança tem um papel muito importante na sociedade, é na infância que
construímos nossa personalidade, adquirimos valores éticos, morais e sociais e
aprendemos a ser quem somos.
“A construção do nosso caráter começa na nossa
infância, e continua até a nossa morte”. (Eleanor
Roosevelt)
Fotos minhas e das minhas parceiras das travessuras e brincadeiras de infância:
Roosevelt)
Fotos minhas e das minhas parceiras das travessuras e brincadeiras de infância:
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Oi Caroline,
ResponderExcluirMuito boa a sua narrativa e articulação com as teorias trabalhadas em sala de aula. Procure apenas anexar imagens a sua narrativas, ou da sua infância ou alguma na internet que represente essas etapas todas.
Parabéns, Carol! Muito feliz em fazer parte da sua vida. Estou muito feliz em ver o quanto você está aprendendo e crescendo no meio acadêmico. Amei a memória! 😊
ResponderExcluirobrigada, meu anjo!!! você é parte importante dessa história.
ExcluirCarol meu bem, encantada com a belíssima frase que traz lá no inicio da sua memoria, consegui perceber que você continua um criança ainda hoje, essa menina risonha e muito seria ao mesmo tempo! você é maravilhosa!!!
ResponderExcluirObrigada, querida!!!
ExcluirParabéns, achei esplêndido sua memória sobre sua infância e conseguiu associar muito bem as teorias! Parabéns, todo sucesso para você!
ResponderExcluirObrigada, Ayalla!!!
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